Eduardo Mesquita

Por um mercado com mais prazer.

Comecei a trabalhar com 13 anos de idade dando aulas de inglês. Já ouvi perguntas do porque ter escolhido essa carreira e porque tão cedo, e sempre acho engraçada a reação das pessoas quando as respondo da forma mais sincera possível: fiz isso porque gostava, e gosto até hoje. A ideia de ajudar pessoas a dizer “Ah, agora entendi” sempre me fascinou, e fazer isso e ser pago parecia algo maravilhoso para um guri que começava a ouvir punk rock e que tinha pretensões grandes de mudar o mundo.

Não havia ali nenhum planejamento de carreira, ou desejo de status ou destaque entre meus colegas.  Nada disso. Eu já estudava inglês há bastante tempo, havia começado ainda gurizito, e um dia um colega de sala – Marco Aurélio, que já devia ter na época seus quase trinta anos – me perguntou se eu queria dar aula num curso pequeno que estava começando na minha cidade, Goiânia. Era uma escola modesta, pequena, mas atrevida em seus planos. E a diretora da escola, Suzana, se mostrou bem atrevida ao contratar um guri magrelo, cabeçudo, de jeans e tênis rasgado, com camiseta do Sex Pistols. Eu fui bem na entrevista, sempre gostei de estudar e praticar outros idiomas, e ali comecei minha carreira profissional.

O que me chama atenção na surpresa das pessoas quando explico essa história da minha vida é que parece ser muitomuito difícil para tantos aceitar que uma pessoa escolha uma carreira por prazer. Por gostar. Por querer fazer aquilo o resto da vida. Tão acostumados estão com pessoas começando a trabalhar para ganhar dinheiro, para pagar contas e ali estava um moleque de 13 anos de família humilde, mas que não tinha nem onde gastar seu pequeno salário de professor.

Prazer. O que vejo atualmente muito em falta no mercado de trabalho. Viajo o país inteiro fazendo palestras e o que vejo nos ambientes profissionais é a excruciante falta de prazer. Pessoas que se arrastam através de horários, compromissos e projetos que não lhes satisfazem, que não lhes recompensam emocionalmente, e que ao final representa uma frustrada tentativa de fuga da Matrix.

Tempos atrás soltei um vídeo no meu canal do YouTube falando sobre se fazer o que gosta – https://www.youtube.com/watch?v=2N1-BGNU6ko – e o tanto que isso pode gerar resultados no trabalho e satisfação na vida pessoal. E entenda uma coisa, eu acredito firmemente que um profissional infeliz pode SIM gerar resultados, não tenho dúvida disso. Mas acredito ainda mais que um profissional feliz, satisfeito, bem humorado gera um ambiente mais saudável e produtivo. E atenção! Não estou dizendo que o sujeito feliz e bem humorado produz mais ou melhores resultados que o sofrido mal humorado, porque isso não é uma relação causal direta. Pessoas ranzinzas podem usar sua frustração e raiva para impulsionar seus resultados, para dar um “calaboca” no chefe ou coisa parecida, e o bem humorado pode se perder em meio aos seus sorrisos.

Não estou falando, portanto, de produtividade. Estou falando de ambiente saudável, de equipes leves, de conflitos resolvidos de forma madura. Estou falando de um mundo profissional regido por prazer e satisfação. Em que as pessoas não fiquem desesperadas pelo final de semana ou pelas 18 horas no relógio. Um mundo que as pessoas acordem pela manhã dispostas, satisfeitas e desafiadas.

Um mundo com menos “sextou” e com mais entendimentos de que toda segunda é uma nova oportunidade para fazer história.

É possível.

E é bom demais!

Experimenta.

Há braços!

Eduardo Mesquita

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