Eduardo Mesquita

Novas formas de treinar profissionais. Novos RH´s para gerir.

Dias atrás estava assistindo um antigo episódio de Jornada nas Estrelas (Star Trek) que eu costumava ver com minha mãe nas tardes preguiçosas das minhas férias pré adolescentes. As aventuras do Capitão Kirk, Sr. Spock e sua tripulação multi facetada sempre nos uniu em frente à Tv, assim como Túnel do Tempo e Terra de Gigantes. Mas me peguei sorrindo ao ver o Capitão Kirk pedir para Scott transportá-lo para a Enterprise (“Beam me up, Scott!”). Sorri porque achei muito engraçado que ele usava um aparelho idêntico a um telefone celular! Naquela época e esse equipamento já havia sido imaginado e desenvolvido numa série de Tv. E eu não percebia isso na época, e tudo parecia infinitamente longe da realidade.

Hoje temos o celular como uma parte funcional do corpo, e as aventuras de Tiberius Kirk não soam mais tão distantes. All hail Gene Roddenberry!!

E há muito tempo atrás, numa galáxia não tão distante chamada Sala de Treinamento, eu usava um retroprojetor para fazer um dos inúmeros treinamentos que tinha no planejamento para aquele ano. E as pessoas precisavam agendar em suas agendas de papel o dia e a hora certas para não se atrasarem, para não esquecerem e para poderem participar do treinamento, aprendendo, desenvolvendo e se capacitando. Mas na verdade muitos anotavam na agenda para não esquecer porque não queriam ser punidos pela sua ausência. Ou falando de forma prática, clara e rasa “Iam porque alguém mandou”. Costumo dizer que treinamentos não tem convite, tem aviso “Tal dia, tal hora. Você vai!”.

Tudo isso é interessante para um ponto de reflexão quando olhamos ao redor e vemos o tanto que a área de treinamentos vem mudando rapidamente, e para muito melhor, na minha opinião. Isso porque hoje já temos muitos profissionais que vão à treinamentos, cursos e palestras porque querem, porque acreditam que o conhecimento os transforma, porque querem crescer na carreira. E muitos atualmente brigam e reclamam e protestam quando não são escolhidos para participar de algum treinamento. Isso é fantástico!

Além disso os retroprojetores foram guardados em algum canto empoeirado da nossa memória. Aqueles enormes aparelhos barulhentos que tinham lâmpadas caríssimas que queimavam a qualquer balanço da mesa (e eu consegui queimar quatro lâmpadas numa mesma tarde certa vez!) e que pediam o uso de transparências. Transparências! As folhas de material plástico que absorviam quantidades pantagruélicas de tinta e que entupiam pastas e pastas para serem transportadas entre um treinamento e outro. Nenhuma saudade deixaram no meu coração, penso que os atuais projetores multimídias (chamados Datashow pelos mais íntimos), os aplicativos de slides (além do powerpoint, como o louquíssimo Prezi e o sempre presente Canva), os recursos práticos de som, luz e envolvimento, tudo isso permite uma experiência muito mais intensa e marcante para todos os envolvidos. Mas não só isso.

Hoje, com todos os recursos que temos ATÉ AGORA, podemos criar situações muito mais interessantes de treinamento. Eu faço vídeos para redes sociais e compartilho informações e conhecimentos para o universo inteiro, porque nunca sei muito bem quem vou atingir com uma informação compartilhada assim. Dias atrás me mandaram uma foto de uma aula em uma faculdade que estava usando um dos meus vídeos como suporte. Achei sensacional! E com esse pequeno e tímido esforço já alcancei muitas pessoas, e seus feedbacks são sempre estimulantes e provocadores.

Mas pode ficar mais intenso, quando você monta listas de transmissão no whatsapp e passa a enviar regularmente links, artigos, vídeos, fotos, provocações e reflexões para seu público, para quem você quer treinar. Ao alcance dos dedos, em qualquer lugar, essa pessoa escolhe o momento que ela quer fazer um treinamento. O controle da relação passou para outras mãos, o que poderia até causar algum ciúme em mentes mais despreparadas. Mas nos importamos mais com quem entende que o foco são os resultados, então dane-se aonde essa pessoa vai acessar o conteúdo, porque o que importa é que ela acesse! E tire dúvidas de forma rápida. E experimente o conhecimento na prática. E erre rápido, corrija rápido e acerte o rumo.

Agora uma coisa é o grande ponto de tudo que estou aqui discorrendo: novos tempos com novas tecnologias para novos profissionais pedem novas posturas do RH. Esse profissional que vem conquistando espaço ao longo do tempo agora enfrenta seu maior desafio: se tornar parte ativa do negócio.

Não basta mais fazer um plano anual de treinamento, validar fornecedores e passar listas de frequência e avaliações de impacto & satisfação. Isso ainda é real, mas se torna pouco. Pouco porque a ideia de um plano anual implica em datas e horários regulares, coisa que – já vimos – está caindo em desuso mais rápido que o telex ou o aparelho de fax. Para estas pessoas de hoje o processo de treinamento não pode mais ter datas e horários inflexíveis, porque ele acontece A TODO INSTANTE!

Treinamento agora é uma atividade muito mais dinâmica e muito mais presente na empresa, envolvendo a todos numa espiral crescente de melhoria, em que quem fica de fora, sai fora. Esse novo RH tem que entender profundamente do negócio da empresa para poder proporcionar fontes de conhecimento que resolvam problemas atuais e futuros. Descobrindo oportunidades de capacitação que possam influenciar também de forma indireta o crescimento profissional das pessoas presentes.

Sim, porque a influência direta é facilmente notada e sanada. Um treinamento de liderança para futuros líderes é uma necessidade óbvia, assim como um curso de administração de tempo faz maravilhas para equipes comerciais, ou o uso de excel para pessoas de áreas de controle. Mas e quando uma empresa investe num curso de Oratória para seus líderes? Não por acaso eu realizo esse curso, e  por isso vejo e posso falar do impacto gerado. Líderes que vão em busca de melhorias para falar em público e saem com mais autoconfiança, autoestima, habilidades de relacionamento e maior capacidade de síntese de suas ideias. Mas isso realizado de forma orbital, sem apontar o dedo objetivamente para nenhum desses itens.

Essa abordagem estratégica é o que hoje se espera desse novo RH. Uma atitude que visa antecipar situações e gerar resultados, valorizando tanto as pessoas, quanto as relações e as empresas.

Esse sim, um RH estratégico, posicionado e centro de lucro para as empresas, as pessoas e o mercado. Um RH que vai ser case de estudo para muitos daqui a alguns anos, e ficarão impressionados pensando “Uau, eles já estavam fazendo isso lá em 2019!”.

Há braços!

Eduardo Mesquita

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